Quando abordamos o transtorno do pânico podemos considerar alguns pontos relacionados à sua importância em nossa atualidade:

1- a crescente alusão ao pânico em nosso meio, destacadamente nas sociedades modernas ocidentais;
2- o grande sofrimento que este fenômeno acarreta na vida da pessoa que sofre desse transtorno;

3- como nos colocamos como profissionais frente ao fenômeno e o seu tratamento.

No Brasil, aproximadamente 4% da população pode sofrer de pânico. Duas hipóteses etiológicas em relação a esse quadro podem ser citadas: a teoria neuroanatômica que baseia-se no princípio de que o ataque de pânico é uma perturbação do sistema fisiológico, o qual regula as crises normais de medo e ansiedade, e deve ser tratado com medicamentos e a teoria psicológica, a qual não descarta os fatores biológicos, mas defende a ideia de que vários princípios emocionais são vivenciados como traumas, instalando o princípio do medo do medo.

A Síndrome do Pânico não é uma doença da modernidade, em sua história, o homem sempre enfrentou perigos, como catástrofes naturais, guerras e os percalços do dia a dia. A diferença é que hoje esse transtorno aparece como uma patologia.

Diagnóstico

O termo pânico deriva do grego panikón (terror que vem de Pã) e do latim panicu, devido ao seu caráter súbito e inexplicável. Ele é descrito como sentimentos de medo, de apreensão, de pavor, desencadeados por um perigo que excede a possibilidade de controle do sujeito. O diagnóstico é feito quando há a presença de ataques de pânico recorrentes, espontâneos, um medo não especificado. Os ataques de pânico podem ser acompanhados de sintomas físicos.

Tratamento

A – Farmacoterapia

A psicofarmacologia tem contribuído de forma significativa para a abordagem deste quadro clínico. O tratamento tem como objetivos prevenir a ocorrência de novos ataques de pânico, a ansiedade antecipatória, a evitação fóbica e também os sintomas depressivos.

B- Psicoterapia

O tratamento psicoterapêutico envolve o desenvolvimento de autoconhecimento e autoconfiança. O foco do trabalho psicoterapêutico está em encontrar alívio e controle do sintoma. A psicoterapia não traz uma resposta rápida e pede a participação ativa do cliente em seu processo de tratamento.

Características clínicas e psicodinâmicas

As circunstâncias do primeiro ataque de pânico dificilmente são esquecidas, devido às características da experiência vivida e as mudanças estabelecidas na vida a partir dela. De um modo geral, são pessoas que apresentam um perfil de personalidade com características responsável, independente, desbravador, com dificuldade de reconhecer suas limitações, fraquezas e suas carências. São pessoas controladoras, desconfiadas, autossuficientes, com grande preocupação com o corpo e a saúde.

Associação mitológica

Para a psicologia analítica, os mitos são histórias de encontrosarquetípicos, entre o homem moderno e seus ancestrais. A palavra pânico deriva do deus Pã, que aterrorizava os viajantes. Esses, ao ouvirem o som de sua flauta durante a solidão noturna, eram tomados de temor. Este quadro mostra um indivíduo que, ao entrar em contato com camadas profundas do inconsciente, sente-se terrivelmente ameaçado.

O mito de Pã

Deus dos bosques, dos campos e da fertilidade, filho de Hermes, mensageiro dos deuses, e da ninfa Dríope, Pã era metade animal, metade homem, com chifres, membros inferiores, cascos e orelhas de bode. Era uma divindade travessa, o deus dos pastores e rebanhos. Galanteador, mas sempre rejeitado por causa de sua feiura. Um músico maravilhoso que acompanhava com sua flauta as ninfas da floresta quando elas dançavam. Pã assombrava as montanhas e cavernas e todos os lugares selvagens. Dotado de muita agilidade, escondia-se nas moitas para espiar as Ninfas e assustá-las. Diz-se também que surgia repentinamente para aterrorizar as pessoas e tumultuar as discussões.

A psicoterapia de abordagem Junguiana

A psicologia analítica propõe olhar para o sintoma como um sinalizador de que algo na vida da pessoa precisa ser mudado. O trabalho terapêutico acontece a partir da relação afetiva entre terapeuta e o cliente. O indivíduo, em suas crises, ele revive um sentimento de abandono. esse, pois sente-se sozinho e fragilizado, sem que ninguém possa ajudá-lo. No decorrer do tratamento, ele desenvolve sentimentos de segurança e previsibilidade, estruturando-se e internalizando um mundo menos perigoso e ameaçador.


 

Bibliografia recomendada

MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATISTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS

(DSM IV-TR). 4. ed. Porto Alegre, 2003.

l HILLMAN, J. Encarando os Deuses. São Paulo: Cultrix/Pensamento, 2002.