A compreensão da morte por crianças difere da compreensão de adultos e depende do nível desenvolvimental da criança, ou seja, não necessariamente a idade indica o quanto ela compreende a morte e a perda de um ente querido. Conforme a criança vai se desenvolvendo, ela passa a compreender a perda de maneira a aceitar.
É de extrema importância perceber por meio da observação os sinais e as dificuldades que a criança passa a ter após uma perda, como por exemplo comportamentos carregados de agressividade e irritação, tristeza, preocupação excessiva, crianças que se isolam, ou que estão muito ansiosas e nervosas entre outros comportamentos.
Na maioria das vezes o adulto que está cuidando da criança também perdeu alguém. E por isso, por estar lindando e vivenciando seu próprio luto pode ter muita dificuldade na comunicação e nos cuidados com a criança.
Assim, uma importante autora de luto infantil chamada Davies, (1999) criou o acrônimo com a palavra “CHILD” que extrai da minha dissertação de mestrado (Pessoa, 2017), muito útil para auxiliar adultos a contar a notícia da morte para uma criança.
- C (Consider) – Considerar – Deve atentar-se ao nível de desenvolvimento e capacidade de compreensão da criança quanto aos pensamentos e sentimentos; é preferível o uso de explicações simples e apropriadas.
- H (Honesty) – Honestidade – contar a verdade, usando as palavra “morte” e “morreu”.
- I (Involve) – Envolver – encorajar pais a envolverem os filhos na participação de discussões familiares sobre a morte e eventos relacionados.
- L (Listen) – ouvir – Permitir que a criança fale sobre o que sabe ou não sobre a morte.
- D (Do it over and over again) – Repetir o processo várias vezes, quantas forem necessárias – Por ser muita informação ao mesmo tempo, é importante que os passos sejam repetidos e enfatizados com o passar do tempo.
Pensando nisso, separamos alguns livros para auxiliar a criança a entrar em contato com o tema e compreender melhor a morte e a perda de um ente querido. É muito importante assegurar a criança que podemos ter sentimentos e emoções diferentes e que isso é natural. Conversar sobre ajuda muito!
– “A árvore das lembranças” – Britta Teckentrup
– É triste quando alguém morre- Linus Mundy
– O que acontece quando alguém morre?- Michaelene Mundy
– Como eu me sinto quando estou triste- Cornelia Maude Spelman
Referências:
DAVIES, B. Shadows in the Sun: Experiences of Sibling Bereavement in Childhood. Philadelphia (USA): Brunner/Mazel, 1999.
PESSOA, G. C. A percepção de adultos jovens sobre a perda de um irmão na infância: um estudo exploratório. 95p. Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica, São Paulo, 2017.